Conheça a diretora de fotografia russa do premiado filme brasileiro "O Agente Secreto" 462e9
A coincidência é divertida nesses tempos de suspeita de espiões russos em todos os cantos, principalmente em se tratando de um filme de espionagem. A russa Evgenia Alexandrova, radicada na França, assina a direção de fotografia do longa brasileiro "O Agente Secreto", que recebeu dois prêmios no Festival de Cinema de Cannes. 1x5d3a
A coincidência é divertida nesses tempos de suspeita de espiões russos em todos os cantos, principalmente em se tratando de um filme de espionagem. A russa Evgenia Alexandrova, radicada na França, assina a direção de fotografia do longa brasileiro "O Agente Secreto", que recebeu dois prêmios no Festival de Cinema de Cannes. 3lrt
Evgenia Alexandrova nasceu em 1988, em São Petersburgo, e nada indicava que faria carreira no cinema. Ela veio a Paris para fazer um master em Comércio Exterior, mas no final do curso, aos 22 anos, decidiu largar tudo, entrar para a prestigiosa escola sa de cinema FEMIS e virar diretora de fotografia.
De lá para cá, trabalhou em cerca de 30 filmes e no ano ado recebeu o importante prêmio CST (Cannes prime Time) de jovem técnica do cinema do Festival de Cannes pelo longa "Les Femmes au Balcon", de Noémie Merlant.
"O Agente Secreto" é o segundo filme de Evgenia Alexandrova no Brasil. Ela trabalhou no longo "Sem Coração", de Nara Normande e Tião, em 2023, a pedido dos coprodutores ses. Kleber Mendonça Filho viu o trabalho dela, gostou e decidiu convidá-la para participar de seu novo projeto.
"Ele gostou muito, especialmente da gradação de cores, porque ele queria uma visão fresca do Brasil, mas não exótica. Ele gostou da textura e da qualidade orgânica", lembrou a diretora de fotografia em entrevista a Denis Strelkov, jornalista da redação russa da RFI.
Semelhanças entre Brasil e Rússia 3m3k3d
Os dois se encontraram, "se entenderam". Evgenia Alexandrova leu o roteiro e Kleber Mendonça Filho decidiu trabalhar com ela. "O Agente Secreto" se a em Recife em 1977 e explora as tensões políticas da época da Ditadura Militar Brasileira. A diretora de fotografia vê muitas semelhanças entre o Brasil e a Rússia que facilitaram seu trabalho.
"Embora eu não tenha vivido naquela época, encontro muita coisa em comum entre a Rússia e o Brasil. Mesmo ao filmar o primeiro filme (Sem Coração), eu fiquei muito emocionada e profundamente tocada com o que estava acontecendo - e ainda está acontecendo - no Brasil", disse.
"O Agente Secreto" foi filmado com duas câmeras digitais, para garantir mais flexibilidade na filmagem. Mas a diretora escolheu um equipamento capaz de "reproduzir a textura da película na pós-produção, sem tentar imitá-la de forma artificial".
Visual dos anos 1970 3l1d2i
Para reproduzir o estilo visual da época, as instruções de Kleber Mendonça Filho, que tem uma "ótima memória da época, especialmente quando se trata de lealdade ao cenário, cores, carros", foram preciosas.
"Usamos muitas referências. Ele (o diretor) me enviava imagens, muitas vezes não de filmes, mas simplesmente fotografias. Ele ama tecnologia, ama filmar e conhece muito bem câmeras. Foi ele quem sugeriu usarmos lentes vintage da série B da época, que criaram uma imagem bem única", conta.
Evgenia Alexandrova faz muitos elogios ao diretor pernambucano. Segundo ela, Kleber Mendonça Filho "sabe exatamente o que quer" e, ao mesmo tempo, lhe "deu bastante liberdade", aceitando sugestões. "Ele é um diretor muito interativo. Adora trabalhar com a equipe. Nossa colaboração foi muito tranquila", garante.
Perna assassina 2c372i
Uma das imagens mais marcantes do filme "O Agente Secreto" é a de uma perna encontrada dentro de um tubarão. A diretora de fotografia indica que essa cena já estava no roteiro e que o filme final é muito próximo do roteiro original.
"Kleber praticamente não mudou nada", afirma. Ela acha que esses elementos absurdos dão "o tom do filme, que trabalha com o contraste entre os acontecimentos dramáticos e a maneira como a história é contada".
Posteriormente, a perna roubada do IML volta e ataca pessoas em um parque. "É claramente uma metáfora da brutalidade policial. Acho uma ideia genial, faz você rir, parece absurda, mas, na verdade, reflete uma época muito assustadora para quem viveu aquilo", contextualiza.
"O Agente Secreto" fez história ao levar dois prêmios no 78° Festival de Cinema de Cannes. Kleber Mendonça Filho conquistou a palma de Melhor Direção e Wagner Moura a de Melhor Ator.