Luiz Bertazzo desafaba sobre desafios na carreira de ator: 'Faço terapia' 2k5c22
Em entrevista à Contigo!, o ator Luiz Bertazzo revela estratégia para superar períodos sem trabalho e destaca importância de produções independentes 241tl
Destaque em Ainda Estou Aqui como o antagonista Schneider, agente da ditadura que invade a casa de Eunice (Fernanda Torres) e Rubens Paiva (Selton Mello), o ator Luiz Bertazzo construiu uma carreira firme no audiovisual nacional, mas revela que recebeu alguns nãos em sua trajetória. Em entrevista à Contigo!, ele desabafa sobre desafios na carreira de ator e compartilha estratégia para superar momentos ruins: "Faço terapia", conta. e12f
Fazer acontecer 4b1y1
Dono de uma carreira sólida no teatro, cinema e streaming, Luiz Bertazzo ficou ainda mais conhecido pelo trabalho como Schneider em Ainda Estou Aqui, longa brasileiro que conquistou o Oscar de Melhor Filme Internacional. No entanto, apesar do reconhecimento e papéis conquistados, há um percurso marcado pelos desafios da inconstância do mercado artístico.
Segundo o ator, é necessário aprender a construir as próprias oportunidades para escapar de períodos onde todas as respostas são "nãos". "Para sobreviver a esses momentos de pausas de trabalho, é importante encontrar estratégias para continuar criando sem depender do 'sim' de ninguém", compartilha.
Com pés no chão, ele afirma que não pensa na própria carreira como um grande sucesso, já que está focado em outras facetas da trajetória como ator. "Costumo não pensar em sucesso dessa forma absoluta. Meu foco está em trabalhar bem para continuar trabalhando, porque isso é o que realmente me faz feliz: poder me dedicar ao que amo", declara.
Para o artista, paciência e proatividade são essenciais para sobreviver em um mercado competitivo como o da arte: "Ficar no sofá reclamando que ninguém te dá um papel só gera mais desconforto e paralisação", destaca. Uma das estratégias que o ajudaram a atravessar períodos de pausa foi assumir as rédeas de sua criação artística: "Algo que me salvou muito em períodos de pouca oferta foi aprender a escrever editais, me articular com parceiros e ser o proponente da minha própria arte".
Ao mesmo tempo, Bertazzo faz questão de desmistificar a ideia de que é fácil ar por esses períodos. "Eu só consegui não me paralisar nesses momentos porque faço terapia, que me ajuda muito a elaborar essas questões."
Arte e política 332u6b
Embora não se limite a um tipo de papel, Luiz tem se destacado em personagens com forte apelo político e social, como em Notícias Populares, Betinho e Cidade de Deus - A Luta Não Para. Ele revela que esse viés vem de sua formação: "A minha formação é em um teatro de grupo, que sempre teve um viés político nas montagens. Isso é natural para mim, não chega a ser definitivo para aceitar ou não um trabalho, mas é algo que tento buscar em minhas parcerias".
O artista não hesita ao destacar que o entretenimento também pode carregar mensagens potentes: "Estar implicado em uma comédia, numa fábula, num thriller, num horror pastiche, em algo da ordem do entretenimento, pra mim, pode ser político também, para além da temática", avalia.
Mesmo em personagens com camadas mais controversas, como o Fábio de As Five, Luiz se mantém atento ao discurso que o trabalho carrega em cada trabalho: "Ainda que o personagem possa estar nessa camada, procuro entender se o trabalho reforça ou denuncia o discurso".
Para ele, atuações com potencial transformador são especialmente gratificantes. "Quando chega uma possibilidade como essas adas, ou ainda Baby, filme do Marcelo Caetano, eu me sinto feliz por colocar em prática o que há de mais nobre na profissão do ator: promover a reflexão e o debate para avançarmos como sociedade", pontua.
Além das telas 5r1sf
A preocupação em imaginar futuros possíveis e dar visibilidade a outras narrativas também move Luiz como roteirista. Um dos marcos dessa jornada foi o filme Alice Júnior, longa que escreveu e que teve estreia no Festival de Berlim:
"Eu queria que garotas trans se enxergassem em Alice e imaginassem futuros como aquele para si mesmas", relembra. A comédia infantojuvenil que trata do primeiro beijo de uma menina trans não apenas conquistou o público, como gerou impacto real.
"O filme teve uma linda adesão do público, chegou a ser matéria de redação em algumas escolas, e eu recebo relatos de meninas trans que se chamam Alice por conta do filme", conta o artista, que vê nesse tipo de repercussão a prova de que a arte pode ser semente. "Eu gosto muito quando um filme tem potência para ser semente e florescer grandiosamente dentro das pessoas", compartilha.
Integrante da comunidade LGBTQIAPN+, o ator destaca que ainda são poucas as oportunidades que recebe para interpretar personagens que reflitam essa vivência, o que o motiva a escrever seus próprios roteiros. "Recebo poucas propostas para atuar em filmes que abordem essa temática, apesar de Baby, que citei anteriormente. Por isso, minha saída tem sido escrever filmes sobre o tema, mas gostaria de estar mais presente nessas produções também como ator", finaliza.