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Empresas brasileiras se preparam para apresentar soluções sustentáveis na COP-30 1q1e50

Cúpula do Clima programada para novembro em Belém representa oportunidade de aproximação de debates cruciais e para a negociação de parcerias 1b6y2o

20 abr 2025 - 05h38
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A realização da COP-30 em Belém neste ano será uma oportunidade especial para que empresas brasileiras se aproximem dos debates sobre os rumos ambientais e econômicos do planeta, mostrem soluções desenvolvidas no País e também para que firmem parcerias. 5y3k6a

Empresas, o governo e outros representantes têm, na avaliação de Davi Bomtempo, superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a chance de apresentar, na COP, riquezas naturais como a biodiversidade brasileira, mas também os avanços do País na produção de energia não poluente, de biocombustíveis e na redução das emissões de gás carbônico por parte da indústria.

Vista das obras do Parque da Cidade, que vai sediar a programação da COP-30, em Belém, no Pará
Vista das obras do Parque da Cidade, que vai sediar a programação da COP-30, em Belém, no Pará
Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República / Estadão

"É uma grande oportunidade de mostrar essas vantagens comparativas para o mundo e, mais do que isso, de mostrar que elas podem ser transformadas em competitividade", afirma Bomtempo.

Quem fez a lição de casa da agenda climática para analisar e reduzir a emissão de carbono na cadeia de produção sai na frente e vai enxergar oportunidades para obter ganhos com a nova realidade dos negócios, diz Guarany Osório, professor e pesquisador do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

"Não é uma questão só ambiental, é uma questão econômica e financeira. Se uma empresa fez toda a lição de casa, ela tem o diagnóstico, um plano e uma estratégia, faz a gestão de risco, tem metas e sabe para onde está indo nessa agenda. Quem não está preparado é menos competitivo."

Para as empresas, a COP representa uma vitrine que pode atrair investimentos e abrir mercados no exterior, além de um momento para trabalhar a imagem e a reputação. "É uma oportunidade de mostrar sua agenda e seu negócio. Tem bastante networking, e você pode fazer negócios a partir das interações na COP", ressalta Bontempo, da CNI.

Instituições como a CNI acolhem empresas interessadas em participar e irão coordenar, durante a COP, espaços com debates e apresentações de cases. A lista de participantes e a programação completa só devem ficar prontas no segundo semestre. Entre as grandes empresas, há participantes confirmados como Natura, Petrobras, Vale, Suzano, Ambev e Latam.

A programação montada pela CNI terá quatro pilares: transição energética, mercado de carbono, economia circular e conservação florestal. "Também organizaremos debates sobre questões regulatórias, inclusive regulações internacionais, principalmente as que têm impacto no setor produtivo", conta Bomtempo.

"A COP é feita para todo tipo de empresa, para todo tipo de setor que esteja trabalhando na busca de uma economia mais verde e de uma transição de baixo carbono. A COP-30 no Brasil é uma oportunidade única de as empresas apresentarem os resultados de suas iniciativas", diz Rubens Filho, gerente executivo de Meio Ambiente do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), iniciativa que reúne mais de 1.900 empresas no Brasil.

O Pacto realizará eventos paralelos à COP, também para articular experiências, debates, paineis e oportunidades de networking relacionados à agenda climática.

"As empresas de energia que estão buscando novas tecnologias e novas oportunidades para uma transição justa saem na frente, têm uma oportunidade maior de expor resultados e criar conexões durante a conferência com outras empresas, governos e fundos de investimentos", frisa Rubens Filho.

Ele também destaca as empresas que apostam em "soluções baseadas na natureza, sobretudo na conservação hídrica", as que investem em reflorestamento e as do setor de transportes que se preocupam com a transição energética.

Solução brasileira na vitrine 4r9a

Um velho conhecido estará entre as soluções apresentadas pelo Brasil na COP-30: o etanol, desenvolvido no País na década de 1970. Ele será a grande bandeira da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) na Cúpula de Belém.

"O etanol é uma tecnologia consagrada. O grande objetivo da COP é encontrar caminhos para a descarbonização. O etanol já oferece, a um custo baixo e de maneira rápida e simples, essa descarbonização, com alto nível de sustentabilidade", afirma o presidente da Unica, Evandro Gussi.

Presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), Evandro Gussi: 'O etanol é uma tecnologia consagrada'
Presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), Evandro Gussi: 'O etanol é uma tecnologia consagrada'
Foto: Pedro França/Agência Senado / Estadão

A pesquisa e o desenvolvimento nos últimos anos permitiram, conta Gussi, obter ganhos de eficiência, além da medição adequada e da redução dos níveis de emissão de carbono na produção de etanol.

"Temos, por exemplo, novas variedades de cana-de-açúcar que entregam muito mais produtividade na mesma área. Ao lado disso, está acontecendo a substituição de óleo diesel por biometano nos tratores e caminhões usados no processo produtivo. O setor tem trabalhado fortemente para ter um etanol com neutralidade de carbono. E de médio para longo prazo, vemos o etanol com alto potencial de ser negativo em carbono", diz.

Um avanço recente nesse sentido é a captura e a armazenagem de carbono, um processo chamado de CCS, sigla em inglês de Carbon Capture and Storage. "Estamos pegando o carbono que é resultado da fermentação do etanol e fazendo o armazenamento geológico dele em profundidade", explica o presidente da Unica.

"A grande entrega que o setor espera da COP é a desmistificação dos biocombustíveis. Por razões protecionistas e por falta de conhecimento, houve mitos sobre os biocombustíveis, sobretudo no ambiente europeu. Esperamos da COP o estabelecimento de critérios científicos e objetivos para construir a avaliação da sustentabilidade do etanol", prossegue Gussi.

"Temos muita segurança sobre o etanol desenvolvido no Brasil. Ele não compete com a produção de alimentos e não produz desmatamento, ele precisa ter o reconhecimento objetivo e científico no âmbito internacional", afirma.

Ele diz ver possibilidades de o País atrair mais investimentos externos em descarbonização e, em outra frente, ampliar mercados internacionais. No etanol, comenta Gussi, as negociações têm avançado com países como Japão, Índia, Indonésia, Filipinas, Malásia e Colômbia.

Espaço para as micro e pequenas empresas 6u531x

Entre as micro e pequenas empresas, há uma série de interessadas em marcar presença, caso da paranaense Haka, que produz combustíveis sintéticos (mais informações abaixo). O Sebrae está organizando a participação delas.

"A expectativa é que empreendedores dos setores da bioeconomia, alimentos e bebidas regionais, turismo sustentável e tecnologias verdes estejam presentes em paineis e rodadas de negócios. Essas empresas trarão histórias reais de transformação, de soluções criadas a partir da floresta, do território, da sabedoria local", afirma Décio Lima, diretor-presidente do Sebrae

"A presença delas na COP é estratégica porque amplia a visibilidade, atrai investimentos e conecta os pequenos negócios às grandes discussões sobre o futuro do planeta", reforça Lima.

O dinheiro que financiará mudanças 4t3b1d

Guarany Osório, da FGV, frisa que apesar de a COP-30 ser um palco para o Brasil, as mudanças climáticas exigem atenção permanente das empresas. "Não é uma corrida de 100 metros, é uma maratona que tem um ponto importante no radar que é a COP-30. Mas o mundo não começa nem acaba na COP. É uma agenda que impõe custos na transição energética, em diversas transições e também na mitigação dos efeitos dos eventos extremos do clima."

Rubens Filho, do Pacto Global, e Davi Bontempo, da CNI, ressaltam que o financiamento climático, tema de extrema importância para as empresas, estará em alta na COP-30.

As últimas edições da COP, lembra Rubens Filho, discutiram "a necessidade de se alcançar US$ 1,3 trilhão para o financiamento climático". Na COP de Belém, ele acrescenta, estarão em discussão os mecanismos financeiros e os fundos disponíveis para que as empresas contem com recursos para avançar na agenda climática.

"Financiamento vai ser um dos carros-chefe da COP-30 e é importante para empresas de todos os níveis. Na COP, a empresa acompanha como isso está se desdobrando, qual será o volume disponível, como isso será operacionalizado e como poderá ter o a um financiamento mais competitivo", diz Bomtempo.

Combustível tirado de resíduos sólidos é aposta de startup 5i642r

A produção de combustíveis sustentáveis é um dos pontos fortes do Brasil na busca pela redução das emissões de gás carbônico. O País tem empresas, inclusive micro e pequenas, com soluções que vão muito além da cana-de-açúcar. No Paraná, a startup Haka Bioprocessos transforma resíduos sólidos plásticos e até de origem animal em combustíveis sintéticos.

"A solução para os desafios climáticos já existe e está sendo desenvolvida aqui no Brasil", afirma o engenheiro ambiental Cyro Hernandez Calixto, que quer apresentar na COP-30 as inovações da Haka, empresa da qual é idealizador e diretor executivo.

Ele pleiteia a participação na Cúpula do Clima e espera, para os próximos meses, uma resposta positiva do Sebrae, que organiza a presença de micro e pequenas empresas brasileiras na COP.

"Queremos posicionar a Haka como uma solução brasileira com potencial global para a descarbonização da economia", diz Calixto.

"Participar é fundamental para mostrar que o Brasil possui tecnologia de ponta capaz de transformar um dos maiores ivos ambientais do planeta - o lixo - em energia limpa e valor econômico real."

A Haka é seu primeiro empreendimento. "Trabalhei durante uma década na BRF reduzindo os efeitos de impactos ambientais da produção, principalmente na reutilização de resíduos animais", relembra.

A startup possui 15 funcionários e opera sua planta-piloto no município paranaense da Lapa, em parceria com a metalúrgica Bosch Metal Liga.

Estadão
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