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São João da periferia: primo pobre de ritmos famosos, samba junino nasceu no candomblé e faz sucesso nas ruas de Salvador 3ai5i

Surgido em terreiros de candomblé que celebram santos católicos, samba junino reivindica respeito pelo pioneirismo 1w5qg

14 mai 2025 - 04h59
(atualizado às 14h27)
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Resumo
Patrimônio Cultural Imaterial de Salvador desde 2018, samba junino enfrenta desafios de visibilidade e financiamento, apesar de sua relevância como base de grandes ritmos baianos e símbolo da cultura periférica.
agem do Samba Duro VS em Pituaçu, periferia de Salvador. Samba junino foi reconhecido oficialmente em 2018.
agem do Samba Duro VS em Pituaçu, periferia de Salvador. Samba junino foi reconhecido oficialmente em 2018.
Foto: Divulgação

Tem mais de meio século que festas em homenagem a santos católicos extrapolam os terreiros de candomblé da capital baiana e tomam as ruas no mês de junho. É o “samba junino”, Patrimônio Cultural Imaterial de Salvador, baseado em ritmos famosos como axé e timbalada, e que vive na luta para continuar sendo o “conservatório de música da periferia”. 1d162l

A expressão é de um “sambista junino” citado por Renata Viana Rodrigues, presidente da Liga do Samba Junino, que reúne 22 grupos. A artista foi criada entre os bairros periféricos de Liberdade e Boca do Rio, e reclama atenção do poder público e privado para o samba junino.

As apresentações são de graça, nas ruas, e o custeio dos grupos tem que ser resolvido nos corres, apertos e improvisos que as periferias conhecem bem. O samba junino acontece em locais como Pituaçu e Engenho Velho de Brotas, de onde vem Vagner Silva dos Santos, criador da definição de “conservatório de música da periferia”.

Grupos saem dos terreiros e transbordam pelas ruas de Salvador levando o samba junino, raiz de outros ritmos.
Grupos saem dos terreiros e transbordam pelas ruas de Salvador levando o samba junino, raiz de outros ritmos.
Foto: Divulgação

Na entrevista concedida ao Visão do Corre, a presidente da Liga do Samba Junino dá um panorama da festa para quem pretende curtir o São João – a propósito, pesquisa Terra Insights constatou que 44% dos entrevistados pretendem viajar ao Nordeste.

Querem ir a celebrações menores, como as de grupos de samba junino, muito distantes, física e conceitualmente, de muvucas monstras típicas de Salvador, como o Carnaval – onde, aliás, muita gente faz sucesso tendo bebido da fonte do samba junino.

Leia abaixo a entrevista com Renata Viana Rodrigues.

De onde vem o samba junino?

O samba junino vem justamente dos movimentos dos terreiros de candomblé, que festejam os santos católicos, São João, São Pedro. As festas eram enormes, não cabia tanta gente nos terreiros e transbordou para as ruas de Salvador.

Renata Viana Rodrigues, presidente da Liga do Samba Junino. Se é da periferia, não tem como não se envolver.
Renata Viana Rodrigues, presidente da Liga do Samba Junino. Se é da periferia, não tem como não se envolver.
Foto: Divulgação

Se surgiu nos terreiros, o samba junino é das periferias?

Nas festas juninas, os ricos vão para o interior, os pobres vão para as ruas de Salvador, tocando, ando de porta em porta, tomando um licor na casa do vizinho e fazendo a festa. Não tem uma data precisa de quando surgiu, mas tem mais de cinquenta anos.

Apesar da idade, é menos conhecido do que outros ritmos baianos.

O samba junino é um segmento do samba duro. Eu uso sempre uma frase de um amigo, ele diz que o samba junino é o conservatório da música da periferia. Deu origem a vários ritmos, inclusive axé music. Os músicos da timbalada iam com instrumentos de samba junino para o Candeal fazer ensaios. O Ilê Aiyê tem o samba junino na base.

Quais os principais instrumentos musicais do samba junino?

Timbal, daí o nome timbalada, além de tamborim e surdo, que são os principais. Usamos também cavaquinho, violão e trombone, além do xequerê, que é uma cabaça envolta por uma rede de contas.

Tamborim, surdo e timbal estão entre os principais instrumentos usados no samba junino, escola de música da periferia.
Tamborim, surdo e timbal estão entre os principais instrumentos usados no samba junino, escola de música da periferia.
Foto: Divulgação

Qual a agenda da festa?

O samba junino começa no Sábado de Aleluia, quando vários grupos dão início aos ensaios, que vão até 2 de julho, data da Independência da Bahia. Encerra nessa data. Nesse meio tempo, tem festival de samba junino em 29 de junho, com todos os grupos da Liga e outros.

Qual a principal dificuldade que vocês enfrentam?

Falta de incentivo. Muitas vezes o samba junino não consegue se inserir em editais que podem colocar grupos em circuitos importantes. Às vezes, abre brechas para outros segmentos participarem, com pessoas que muitas vezes acabam tirando a vaga de quem merece.

Tenho acompanhado vocês buscando apoios.

A gente está tentando furar a bolha, para que, de alguma forma, chegue a informação a outras pessoas, para que elas comecem a se manifestar, para que gente tenha um pouco de destaque. A gente tromba na burocracia, há pessoas não entendem o que é o samba junino, de extrema importância os bairros periféricos.

Vocês não têm sede física, alugada ou própria?

Não temos. Para você ter ideia, as reuniões são feitas em locais cedidos, a gente se encontra em vários lugares. Precisamos de lugares específicos, em bairros periféricos.

Fonte: Visão do Corre
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