O assassinato de Tyre Nichols e o outro lado da representatividade 1n5t4c
Diferentemente da execução de George Floyd, no caso de Nichols os cinco policiais que espancaram brutalmente o rapaz eram todos negros z615j
Uma alma linda, apaixonada por skate, pôr do sol e fotografia. Assim foi descrito pela família o jovem Tyre Nichols, de 29 anos, em uma dilacerante entrevista coletiva para a imprensa norte-americana. Ele tinha um filho de apenas quatro anos e o nome da mãe tatuado em um dos braços. Inclusive, o nome da mãe foi a última palavra que ele disse quando estava sendo brutalmente espancado em uma abordagem policial covarde que o levou ao hospital, sendo que três dias depois viria a falecer. Isso ocorreu no dia sete de janeiro deste ano, em Memphis/EUA. Mas as imagens só foram veiculadas no último dia vinte e oito de janeiro e, assim como o assassinato brutal de George Floyd, chocou todo o país e provocou uma onda de protestos nas ruas da cidade. 3p3c2n
Mas diferentemente da execução de George Floyd, que foi mais uma das infeliezes ocorrências racistas da polícia norte-americana, aqui, no caso de Nichols, há um detalhe que no mínimo merece muita atenção: os cinco policiais que espancaram brutalmente o rapaz eram todos negros. Sim, cinco homens negros.
Podemos usar como argumento, mais do que válido, que a polícia é uma instituição que se formou a partir da necessidade racista e patriarcal de defender os frutos dos privilégios acumulados pela supremacia branca, materializados em terras e outros bens de consumo e símbolos de poder social, milimetricamente adquiridos às custas da exploração, principalmente da negritude escravizada em um determinado momento da história e, posteriormente, por explorados pobres, brancos e não brancos, inseridos nas camadas inferiores da pirâmide social desenhada pelo sistema capitalista. E isso é válido porque é um fato histórico.
Haja vista que a condenação dos policiais negros foi imediata, sendo que todos já foram expulsos da corporação e, segundo informações reveladas apenas no dia 30 de janeiro, havia mais um envolvido, o policial Preston Hemphill, que é branco, e foi dispensado do serviço logo após o espancamento de Nichols em 7 de janeiro. Quanto tempo demorou para sair a sentença de George Floyd? E os policiais que assam a Breonna Taylor? E porque o policial branco está sendo poupado? Tirem suas conclusões.
Mas não é apenas isso que nos interessa nesse momento, pois como venho afirmando, o desempoderamento dos grupos oprimidos a por questões subjetivas que são urgentes de compreender e envolve a responsabilidade de toda e qualquer pessoa negra. Curiosamente, no Brasil dos tabus e superficialidades intelectuais de toda ordem, esse caso não teve a repercussão que deveria. Vejam bem, se na terra do Partido dos Panteras Negras, negros estão assassinando e violentando negros, imagina aqui, no Brasil do tokenismo, do “pretos no topo” e do mito da democracia racial que fez com a proximidade das relações inter-raciais soasse como ausência de racismo">https://medium.com/revista-subjetiva/as-din%C3%A2micas-das-subopress%C3%B5es-99150a68edc3