Investigado por furto de orquídea e influenciador: quem é PM expulso por deixar posto no carnaval
Conhecido como 'Demolidor', o soldado da PM alegou que demissão foi injusta
Soldado PM Paulo Rogério Coutinho, conhecido como "Demolidor", foi expulso da corporação por abandonar posto no Carnaval de 2022; ele alega perseguição e nega acusações, enquanto defesa questiona tratamento desigual em processo.
O soldado da Polícia Militar Paulo Rogério da Costa Coutinho, conhecido como ‘Demolidor’ nas redes sociais, foi demitido da corporação por ter abandonado seu posto durante uma operação no carnaval de 2022, em São Paulo.
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Coutinho estava lotado no 18º Batalhão da Polícia Militar/Metropolitana, na Zona Norte da capital paulista, quando foi escalado para atuar no policiamento preventivo em um dos portões do Sambódromo do Anhembi.
Segundo a corregedoria da PM, ele teria deixado seu posto sob o pretexto de ir ao banheiro. No entanto, ficou cerca de 1h40 dentro de um camarote em que estavam vários artistas.
Um processo disciplinar foi aberto contra ele e outro soldado quando o fato chegou ao conhecimento da corporação. Abandonar o posto de trabalho é considerado conduta grave e crime militar.
A demissão foi publicada no Diário Oficial do Estado na última quarta-feira, 14. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), a exoneração ocorreu “por cometer transgressão disciplinar grave, prevista no Regulamento Disciplinar da Polícia Militar”.
O outro agente investigado recebeu apenas uma punição disciplinar de dez dias de permanência no quartel. Apesar da condenação, ainda cabe recurso.
O soldado alega que sofre perseguição por suas tatuagens no rosto e que já havia sido acusado de furtar uma orquídea do quartel. A defesa de Coutinho afirma que vai entrar com recurso e que houve tratamento desigual em relação a outro agente que também teria ido ao camarote.
Quem é o ‘Demolidor’
Com 145 mil seguidores do Instagram, o soldado é conhecido como ‘Demolidor’ e integra a corporação há cerca de 20 anos. O policial ficou famoso nas redes sociais por compartilhar vídeos mostrando ações da PM.
Coutinho também é investigado pelo furto de uma orquídea do 9º Batalhão da Polícia Militar, no Tucuruvi, ocorrido em 2022. A flor teria sido retirada do local enquanto era feita a manutenção do jardim e câmeras flagraram o ato.
A planta foi encontrada atrás de um extintor, no refeitório do quartel, mas o agente negou que a tivesse furtado. O caso ainda aguarda julgamento.
O policial afirma ser perseguido por seus superiores desde que ou a se tatuar, em 2018. O preconceito teria aumentado, segundo ele, depois de ter tatuado o rosto em 2021. A prática não seria bem vista por seus chefes.
Em sua rede social, o soldado Coutinho postou um vídeo na noite desta quinta-feira, 15, dizendo que a demissão foi injusta.
“Pergunta para qualquer um que vocês quiserem, sempre fui um bom policial. O meu problema é que eu tenho muita personalidade, sempre lutei pelo que acredito, pelas coisas certas e pela justiça. Lutei para ter o direito de ter tatuagem, conquistei. Foi isso que eu fiz, lutei para ter um direito e conquistei. Eu deixei de ser um bom policial? Deixei de ter caráter? Não deixei. Mas fizeram essa injustiça”, declarou.
Ele ainda afirmou que foi ao camarote para ir ao banheiro duas vezes e, como é conhecido, foi parado por pessoas que estavam no local para tirar fotos. "Dei atenção, fiz o que a PM quer, que é dar atenção para a população. Eles falaram que eu descumpri a missão”, complementou.
A sua defesa, representada pelo advogado João Carlos Campanini, afirmou que causa estranheza o fato dos dois soldados terem recebido punições distintas. "A decisão final não apresenta qualquer justificativa para esse tratamento diferenciado, por isso entendemos que faltou igualdade no julgamento”. A defesa vai recorrer. (** Com informações do Estadão)