O que dizem as letras de MC Poze do Rodo: artista é preso por apologia ao crime e associação ao tráfico 2g4v3o
Secretaria de Polícia Civil afirma que letras de músicas promovem narcocultura e incitam violência armada; artista nega envolvimento 226q50
MC Poze do Rodo foi preso sob acusações de apologia ao crime e associação ao tráfico, com a polícia alegando que suas músicas promovem a narcocultura e exaltam o Comando Vermelho; o artista nega envolvimento.
O cantor de funk MC Poze do Rodo foi preso nesta quinta-feira, 29, no bairro do Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio de Janeiro, acusado de associação ao tráfico de drogas e apologia ao crime. A ação foi conduzida pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), com apoio da Polícia Civil do Estado. 2s5y2f
Segundo as investigações, o funkeiro tem usado sua produção musical como plataforma para enaltecer a atuação do Comando Vermelho (CV), facção criminosa com forte presença nas comunidades do Rio. "Esse suposto MC que foi preso transformou a música num instrumento de dominação, de divulgação e de disseminação da ideologia e da narcocultura do Comando Vermelho", afirmou o secretário estadual de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, em coletiva.
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A apologia ao crime é considerada crime pelo artigo 287 do Código Penal Brasileiro, que define como infração penal a defesa, o elogio ou o incentivo público a práticas criminosas ou a criminosos. A pena prevista vai de três a seis meses de prisão, ou multa.
O que dizem as letras de Poze do Rodo 70205c
- Fala Que a Tropa É Comando Vermelho
Oi, na VK os menor te acerta
Só soldado bom de guerra
Que te mira e não te erra
Só AKzão na favela
Com vários pentão reserva
Aonde entrar, cês leva
...
Respeita o CV
Que só tem bandido brabo, só menor de guerra
Que bota pra f****
Nós é terror dos Terceiro, ADA e dos meleca
Fala que a tropa é Comando Vermelho
Se piar aqui na VK, vocês vai ver
Só soldado preparado, os menor descontrolado
Se os cana brotar, a bala vai comer
Além de citar o Comando Vermelho diretamente, o MC fala sobre a Vila Kennedy (VK), comunidade de Bangu dominada pela facção. "AKzão" faz referência ao modelo de arma, enquanto Poze também cita rivalidade com outras facções e grupos, como o Terceiro Comando, Amigos dos Amigos (ADA) e milicianos (meleca).
- Tropa do General
Os Tu** tá peidando pro bloco dos cria
Nós odeia ADA e T
Desde menor sou Comando, nós é relíquia
Trem bala dos manos
Com os fuzil tudo na pista, ah, ah, ah
Tropa do General com vários ParaFAL
Tá 2, tá 2
Tropa do General com vários ParaFAL
Tá 2, tá 2
O termo "Tu**" é um apelido pejorativo para se referir à facção T. A música também cita a rivalidade com a facção ADA , afirma que o eu lírico integra o Comando e fala sobre ParaFAL, modelo de fuzil. "Tá 2", por sua vez," é gíria para se referir ao CV, sigla composta por duas letras.
- Na CDD só tem bandido faixa preta
Nós tem Glock, tem AK, 62 com mira laser
Terror dos alemão, é os moleque da 13
Nós vamo voltar pra casa e botar a bala pra comer
Retomar o que é nosso e gritar: É o C.V!
Na CDD só tem bandido faixa preta
Tentaram vir pegar o homem e a bala voou
Nós é Comando Vermelhão de natureza
A meta é voltar pro Rodo e voltar pro Batô
(Aí, Guarde, a volta vai ser triste!)
Glock, AK, e 62 são referências às armas de fogo. "Vamo voltar pra casa" diz respeito a voltar a comandar os territórios perdidos para facções inimigas, como o Rodo (onde o MC foi criado) e o Batô (Bateau Mouche em Jacarepaguá). "A volta vai ser triste" aponta que o confronto seria violento.
Polícia acusa Poze de apologia e envolvimento com o CV 6a4k2m
Ainda de acordo com a Polícia Civil, o conteúdo das músicas de Poze ultraa o limite da liberdade de expressão artística, ao promover ações criminosas e exaltar uma organização responsável por tráfico de drogas, disputas armadas e uso de armas de guerra. "As músicas desse falso artista têm um alcance incalculável e muitas das vezes são muito mais lesivas do que um tiro de fuzil disparado por um traficante", disse Curi.
A polícia afirma que Poze realiza shows apenas em áreas dominadas pela facção, sempre com a presença ostensiva de traficantes fortemente armados, o que garantiria a segurança dos eventos e do próprio artista. A DRE aponta ainda que esses eventos funcionam como fontes de financiamento para as atividades da facção, revertendo lucros obtidos na venda de drogas em armas e equipamentos para a prática de crimes.
"Perseguição", diz funkeiro k3a58
Em declaração a um repórter, Poze negou qualquer envolvimento com o tráfico: "Você sabe que não [tenho envolvimento] e fica fazendo essas perguntas bobas. Quem [eles] têm que pegar tá lá no morro, não sou eu". O cantor também criticou a atuação das autoridades. "Essa implicância comigo já é de muito tempo. [...] Isso é perseguição, é cara de pau. Não tem prova de nada".
A equipe do artista divulgou um comunicado nas redes sociais, classificando a prisão como injusta. "MC não é bandido. Hoje, o Poze foi surpreendido com um mandado de prisão temporária e uma busca e apreensão na sua casa. A acusação de associação ao tráfico e apologia ao crime não fazem o menor sentido. Poze é um artista que venceu na vida através de sua música. Muitos músicos, atores e diretores têm peças artísticas que fazem relatos de situações que seriam crimes, mas nunca são processados, porque se tratam justamente de obras de ficção".