Com denúncias de racismo e estrutura precária, estudantes ocupam PUC; Justiça autoriza polícia a retirar alunos
Coletivos e Centros Acadêmicos da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) ocupam o campus Perdizes da instituição
Estudantes da PUC-SP ocupam o campus Perdizes em protesto contra racismo e precariedade estrutural; a Justiça autorizou uso de força policial para retirá-los.
Coletivos e Centros Acadêmicos da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) ocupam o campus Perdizes da instituição, na Zona Oeste da capital, desde a noite desta quarta-feira, 21. Segundo os estudantes, a ocupação ocorre em protesto contra casos de racismo acadêmico e contra o descaso com a estrutura da faculdade.
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Dentre os episódios citados pelos discentes, está o caso de um rato filmado dentro do restaurante universitário da instituição na tarde desta quarta. O roedor foi registrado circulando sobre uma mesa do "bandejão" e, pelas imagens, chega a ar perto de alguns es de guardanapos.
"A mobilização, liderada por Coletivos e Centros Acadêmicos, denuncia a negligência estrutural da universidade e o silenciamento diante de violências e opressões cotidianas que atravessam classe, raça e gênero. A ocupação é um espaço de resistência e construção coletiva, com atividades políticas e acadêmicas diárias. Não é uma festa, é uma mobilização por justiça e equidade", informaram os coletivos em nota nas redes sociais.
O grupo está reivindicando diversas medidas por parte da PUC, que incluem:
- Formação antirracista obrigatória;
- Canal de denúncia de casos de racismo;
- Cotas para pessoas trans;
- Reabertura do Santiago Dantas;
- Ampliação para duas refeições gratuitas a todos os bolsistas;
- Congelamento/redução das mensalidades;
- Ampliação de bolsas pelo PROUNI e FUNDASP.
A Justiça paulista expediu um mandado proibitório nesta sexta-feira, 23, com relação à paralisação. Na decisão, o juiz Marcelo Augusto Oliveira autorizou o uso de força policial, se necessário, para retirada dos alunos que ocupam a instituição.
No mandado é alegado que a ocupação dos alunos ocorreu de forma agressiva, que houve depredação do patrimônio e fechamento de diferentes pontos de o ao edifício.
Em nota ao Terra, a Fundação São Paulo afirmou que "ciente de sua responsabilidade de mantenedora da PUC-SP, assim como em situações anteriores, requereu reintegração de posse dos prédios da Universidade e a apuração dos danos causados ao seu patrimônio, garantindo o bom funcionamento da mesma".
A FUNDASP acrescentou que acredita no diálogo e no bom senso dos ocupantes do campus Monte Alegre e espera não ter que lançar mão da ordem judicial emitida.
Os alunos, por meio dos coletivos, se posicionaram nas redes sociais e afirmaram que não são invasores. "Foi deferida uma liminar que coloca os alunos negros como invasores da universidade. [...] Os estudantes estão lutando por uma educação justa, de qualidade, aberta para população", disseram.
Também pelas redes sociais, Simone Nascimento, CoDeputada da Bancada Feminista do PSOL na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP), se posicionou e pediu que o processo contra os estudantes seja retirado. "Pedimos que a Fundação São Paulo retire o processo contra os estudantes e que a universidade atenda as reivindicações. Até lá, estaremos apoiando os estudantes pela preservação de suas dignidades humanas e a liberdade do movimento estudantil", afirmou.