Cérebro da gestão Bolsonaro, Braga Netto comandou crise de covid, reeleição e golpe t445p
O primeiro general 4 estrelas preso no Brasil ficará detido no mesmo pelotão que já comandou em 2016. 4j2d6x
A Polícia Federal prendeu neste sábado, 14, o homem forte do governo Jair Bolsonaro (PL), general Walter Braga Netto (PL). Indiciado por tentativa de golpe de Estado, o militar foi o cérebro do governo ado. Sobre sua mesa correram decisões institucionais e ilegais que serão contadas nos livros de História do Brasil. 34r62
Ele é o primeiro general de quatro estrelas preso na história do Brasil - posto mais alto na carreira - e ficará preso no mesmo pelotão que comandou em 2016, Comando Militar do Leste, no Rio de Janeiro.
Como ministro da Casa Civil, comandou e decidiu sobre compra de vacinas, a crise de oxigênio em Manaus e importação de cloroquina. No comando do Ministério da Defesa, a participação do Exército no processo eleitoral junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Como político filiado ao PL, foi vice na chapa de reeleição de Bolsonaro e um dos coordenadores da campanha com os partidos do centrão, PP e Republicanos.
Nas tramas ilegais em que esteve à frente, como mostra a Polícia Federal, foi quem aprovou, em reunião no dia 12 de dezembro de 2022, na sua casa em Brasília, o plano para matar Lula (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e Alexandre de Moraes, pressionou generais para aderirem ao golpe que ele coordenou e estruturou.
As investigações mostraram que em arquivos guardados na sede do PL, na mesa do seu braço direito, o coronel Flávio Peregrino, havia um roteiro com detalhes do o a o para concretizar o golpe, a transição e a efetiva estabilização do novo governo ilegal.
No inquérito do golpe militar, a PF destaca que ele teve "participação concreta" na tentativa de golpe. Junto do general Augusto Heleno, seria o coordenador de um gabinete de crise ligado à Presidência a fim de realizar novas eleições.
A investigação apontou que naquele dezembro de 2022, Braga Netto participou de uma ofensiva para pressionar os comandantes da Aeronáutica e do Exército a aderirem ao plano. A estratégia de "milícia digital" além de pressionar, xingou colegas e familiares dos fardados. E isso, mais do que as ilegalidades golpistas, criou alguma indisposição com seus pares.
Mas o que deu condições para a prisão do poderoso político e militar Braga Netto? Segundo nota da PF na manhã deste sábado, o general estaria atrapalhando a livre produção de provas durante a instrução processual penal. Mas um ponto nessa história é importante, a decisão do ministro Alexandre de Moraes, em fevereiro de 2023, que determinou que qualquer pessoa - militar ou não - envolvida no 8/1 seria investigada pela Polícia Federal e julgada no Supremo, não na Justiça Militar.
À época, em conversas com a cúpula da PF, ouvi que essa decisão era fundamental para autonomia da investigação e que a lei chegaria a quem quer que fosse, seja um criminoso de farda ou não.
Por ser peça chave no plano de golpe e não ter sido preso, não foi surpresa para o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei os Rodrigues, a pergunta feita por jornalistas durante um café da manhã no dia 4 de dezembro deste ano:
“Por que o general Braga Netto não foi preso">O cérebro do governo Jair Bolsonaro foi preso em um dia 14 de dezembro, data do aniversário de Dilma Rousseff (PT), que fora presa e torturada pela Ditadura Militar (1964-1985) que Braga Netto saudava. E um dia após o aniversário do AI-5, ato mais gravoso da Ditadura. Dessa história toda, a única coincidência está nas datas que citei neste parágrafo. O restante, caberá a Braga Netto e seus advogados explicarem.