Script = https://s1.trrsf.com/update-1747831508/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Mais de 90 mil desaparecimentos de crianças e adolescentes foram registrados no Brasil nos últimos 5 anos 5i5d

Do total registrado no período, 55,4 mil crianças e adolescentes foram localizados, deixando um saldo de mais de 34 mil casos sem solução 12857

23 mai 2025 - 18h51
Compartilhar
Exibir comentários
Ivanise Esperidião da Silva, fundadora da ONG Mães da Sé, cuja filha desapareceu em 1995
Ivanise Esperidião da Silva, fundadora da ONG Mães da Sé, cuja filha desapareceu em 1995
Foto: Reprodução/Mães da Sé

Por trás de cada estatística, há histórias de vidas que se perderam sem respostas. Mães que nunca verão seus filhos voltarem da escola, pais que jamais brincarão com suas filhas, famílias condenadas à eterna espera. Este é o cenário por trás das milhares de crianças e adolescentes desaparecidos no País. 22e6w

O Brasil registrou 90.256 casos de desaparecimento de menores de 0 a 17 anos entre 2021 e abril de 2025, segundo dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). Os números apontam uma média de 57 desaparecimentos por dia nesta faixa etária.

Do total registrado no período, 55,4 mil crianças e adolescentes foram localizados, deixando um saldo de mais de 34 mil casos sem solução. Enquanto 2025 já contabiliza 7.331 ocorrências até abril, os anos anteriores também fecharam com números elevados: 22.103 (2024), 20.333 (2023), 21.848 (2022) e 18.641 (2021).

Dados podem ser ainda maiores 536z30

Os registros de janeiro a abril de 2025 (7.331 casos) ainda são parciais. O Ministério da Justiça informou ao Terra que Alagoas e o Rio de Janeiro não enviaram seus dados relativos a abril, enquanto Goiás, São Paulo e o Distrito Federal encaminharam informações incompletas.

O sistema do Ministério consolida os números enviados pelas secretarias de Segurança Pública de cada estado, o que significa que os 90.256 casos registrados desde 2021 representam apenas os dados efetivamente reportados pelas unidades federativas.

As histórias por trás dos números 4g546b

Por trás das estatísticas, há histórias de famílias devastadas. Ivanise Esperidião da Silva, fundadora da ONG Mães da Sé, conhece essa realidade desde 1995, quando sua filha Fabiana Esperidião, então com 13 anos, desapareceu ao voltar de uma visita a uma amiga.

"Naquela ocasião, o desaparecimento era um assunto pouco falado", diz Ivanise, que enfrentou o descaso das autoridades e a falta de políticas públicas eficientes. Sua busca solitária a levou a fundar, em 1996, o Movimento Mães da Sé, tornando-se referência nacional no apoio a famílias de desaparecidos.

Segundo a fundadora da ONG, com relação às crianças desaparecidas, a maior parte dos casos acontece quando as vítimas estão brincando no quintal de casa, na porta de suas residências ou indo a algum local bem próximo ao imóvel em que moram.

"Quando acontecem esses desaparecimentos de crianças, por mais que elas saibam chorar nos primeiros dias, depois elas podem acostumar-se com o novo convívio familiar. Ainda mais crianças de cerca de 1 e 2 anos. E essas crianças que desaparecem são muito bonitas, mas de classes sociais bem baixas", afirma.

A ativista destaca que esses casos acompanhados pela ONG seguem um padrão recorrente, principalmente em áreas de baixa renda, porque é onde a falta de câmeras de monitoramento dificulta a identificação dos desaparecimentos.

"Para nós que somos pais desses desaparecidos, nossas vidas viram uma interrogação. A sociedade pode ser aliada acompanhando nossas redes sociais e dando atenção ao assunto. Assim que você ver alguém que parece com a foto entre em contato no mesmo momento. Muitas vezes pessoas desaparecidas também podem ter problemas mentais e estão na rua agitadas porque estão sem medicação. Então preste atenção nessas pessoas, às vezes pode ser alguém precisando de ajuda para voltar à família. Das pessoas que encontramos até hoje, a maioria são pessoas cujas fotos outras viram nas redes sociais".

Lei da Busca Imediata: existe, mas não é cumprida 4c5c52

No Brasil, a Lei da Busca Imediata (Lei nº 11.259/2005), que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), estabelece que a polícia deve iniciar a investigação imediatamente após a comunicação do desaparecimento de menores. A legislação visa garantir uma resposta rápida em casos envolvendo crianças e adolescentes, considerados mais vulneráveis.

Mas na experiência de Ivanise, isso ainda não ocorre em muitos casos. "Ainda faltam políticas públicas e efetivo para que isso realmente seja cumprido. É preciso regras mais rígidas para que, por exemplo, uma criança não seja levada embora por um aeroporto com documento falso. Até porque lá é conferido, em maior parte, só o nome que está no bilhete de embarque", diz ela ao defender maior rigor na verificação de documentação de menores nos aeroportos.

Outros especialistas já reforçaram a visão dela durante o Seminário de Políticas Públicas para o Enfrentamento ao Desaparecimento, promovido em março de 2023 no Brasil pelos ministérios dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) e da Justiça e Segurança Pública, e noticiado pela Agência Brasil. Participantes alertaram que a lei não era cumprida no país.

"Tem a cultura policial de 24 horas, 48 horas de espera. Isso é um mito que foi criado", afirmou na ocasião o pesquisador sobre tráfico de pessoas e exploração de crianças, adolescentes e mulheres Marcelo Neumann.

No evento, especialistas também destacaram a necessidade do envio de alertas em tempo real a todos os estados. "Temos que ter um sistema de alerta, conjugado com todas as unidades da Federação. Não é possível uma criança e um adolescente sair do nosso país. Fazer com que empresas e órgãos governamentais transmitam rapidamente o sequestro de uma criança. Nos Estados Unidos já acontece, e o Brasil está atrasado na questão de divulgação", explicou Luiz Henrique Oliveira, gerente do programa SOS Crianças Desaparecidas.

Para Ivanise, o principal método que uma família pode tomar para proteger seu filho é a prevenção. "Converse com seus filhos desde pequenos, oriente, monitore as redes sociais que hoje também são um risco. A dor de ter um filho desaparecido é enorme. Eu, como quem vive isso na pele, posso afirmar isso. Hoje, não tenho medo de nada, só tenho medo de morrer e não saber da minha filha. Só quero fechar esse ciclo, da forma que for. Quero encontrar uma resposta, seja da minha filha viva ou morta. Só não quero viver com a dor da incerteza, porque ela dói muito e sei que é a dor de muitas outras mães."

Fonte: Redação Terra
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Seu Terra












Publicidade