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A mensagem por trás do ousado ataque da Ucrânia à Rússia 2i5n4x

Para analista da BBC, ataque ucraniano é um recado de que o país não se considera derrotado na guerra contra a Rússia. 6z1lq

2 jun 2025 - 06h26
(atualizado às 06h32)
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O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky aperta a mão do chefe do Serviço de Segurança Vasyl Malyuk
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky aperta a mão do chefe do Serviço de Segurança Vasyl Malyuk
Foto: Ukraine Presidential Press Service/EPA-EFE/Shutterstock / BBC News Brasil

É difícil não se espantar com a audácia — ou engenhosidade — do ataque da Ucrânia à força aérea russa no último fim de semana. y2c3r

A Ucrânia afirma ter concluído seu maior ataque de longo alcance da guerra com a Rússia no domingo (1/6), após usar drones contrabandeados para lançar uma série de grandes ataques contra 40 aviões de guerra russos em quatro bases militares.

O presidente Volodymyr Zelensky afirmou que 117 drones foram usados na chamada operação "Teia de Aranha" pelo serviço de segurança do SBU, atingindo "34% dos porta-mísseis de cruzeiro estratégicos [da Rússia]". Fontes do SBU disseram à BBC News que os ataques foram organizados ao longo de um ano e meio.

A Rússia confirmou os ataques ucranianos em cinco regiões — e disse se tratar de um "ato terrorista".

Os ataques ocorrem no momento em que negociadores russos e ucranianos se reúnem em Istambul, na Turquia, para uma segunda rodada de negociações de paz nesta segunda-feira (2/6).

A BBC não conseguiu verificar as alegações ucranianas de que os ataques resultaram em US$ 7 bilhões (cerca de R$ 40 bi) em danos, mas está claro que a "Operação Teia de Aranha" foi, no mínimo, um golpe de propaganda espetacular.

Os ucranianos já estão comparando esse ataque a outros sucessos militares notáveis desde a invasão da Rússia, incluindo o naufrágio do navio-almirante da frota russa do Mar Negro, o Moskva, e o bombardeio da Ponte Kerch, ambos em 2022, além de um ataque de mísseis ao porto de Sebastopol no ano seguinte.

A julgar pelos detalhes vazados para a imprensa pela inteligência militar da Ucrânia, a SBU, a mais recente operação é um dos golpes mais elaborados preparados até agora.

Em uma operação que supostamente levou 18 meses para ser preparada, dezenas de pequenos drones foram contrabandeados para a Rússia, armazenados em compartimentos especiais a bordo de caminhões de carga, levados para pelo menos quatro locais diferentes, a milhares de quilômetros de distância, e lançados remotamente em direção a bases aéreas próximas.

"Nenhuma operação de inteligência no mundo fez algo parecido antes", disse o analista de defesa Serhii Kuzan à TV ucraniana.

"Os bombardeiros russos são capazes de lançar ataques de longo alcance contra nós", disse ele. "São apenas 120, e nós atingimos 40. É um número inacreditável."

O governador de Irkutsk (Rússia) publicou um vídeo mostrando as consequências do ataque de drones
O governador de Irkutsk (Rússia) publicou um vídeo mostrando as consequências do ataque de drones
Foto: Reuters / BBC News Brasil

É difícil avaliar os danos de forma independente.

O blogueiro militar ucraniano Oleksandr Kovalenko diz que mesmo que os bombardeiros e as aeronaves de comando da Rússia não tenham sido totalmente destruídos, o impacto da operação foi enorme.

"A extensão dos danos é tamanha que o complexo militar-industrial russo, em seu estado atual, dificilmente conseguirá restaurá-los em um futuro próximo", escreveu o analista em seu canal no Telegram.

Os bombardeiros portadores de mísseis — o Tu-95, o Tu-22 e o Tu-160, — segundo ele, não estão mais em produção. Consertá-los será difícil e substituí-los, impossível.

A perda do supersônico Tu-160, ele disse, seria sentida em especial.

Além dos danos físicos — que não puderam ser analisados de forma independente — a Operação Teia de Aranha envia outro recado não apenas para a Rússia, mas também para os aliados ocidentais da Ucrânia.

O jornalista Svyatoslav Khomenko, do Serviço Ucraniano da BBC, relembra um encontro recente com um funcionário do governo em Kiev. Esse funcionário estava frustrado.

"O maior problema", disse o oficial a Svyatoslav, "é que os americanos se convenceram de que já perdemos a guerra. E dessa suposição decorre todo o resto."

Já o jornalista de defesa ucraniano Illia Ponomarenko fez uma referência direta ao infame encontro do presidente Volodymyr Zelensky no Salão Oval da Casa Branca com Donald Trump.

"É o que acontece quando uma nação orgulhosa sob ataque não dá ouvidos a coisas como: 'A Ucrânia tem apenas seis meses restantes'. 'Vocês não têm cartas para jogar'. 'Apenas se rendam pela paz, a Rússia não vai perder'."

Ainda mais conciso foi um tuíte do jornal trimestral Business Ukraine, que orgulhosamente proclamou: "A Ucrânia tem algumas cartas, afinal. Hoje Zelensky mostrou seu Rei de Drones."

O recado que os delegados ucranianos levam a Istambul para uma nova rodada de negociações de cessar-fogo com representantes do Kremlin é: a Ucrânia ainda está na luta.

Os americanos "começam a agir como se seu papel fosse negociar para nós os termos de rendição mais brandos possíveis", disse o funcionário do governo a Svyatoslav Khomenko.

"E então eles se ofendem quando não agradecemos. Mas é claro que não agradecemos, porque não acreditamos que fomos derrotados."

Apesar do avanço lento e inexorável da Rússia pelos campos de batalha de Donbass, a Ucrânia está dizendo à Rússia e ao governo Trump para não descartarem Kiev tão facilmente.

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