Argentina elimina barreiras de o ao mercado de câmbio e recebe crédito de US$ 42 bilhões 25301i
O fim das restrições de o à moeda estrangeira e ao movimento de capitais é o principal desafio da economia argentina e uma das condições para o sucesso do plano econômico do presidente Javier Milei. Ele sofreu um revés nesta sexta-feira (11) diante do forte aumento da inflação de março. 1q615i
O fim das restrições de o à moeda estrangeira e ao movimento de capitais é o principal desafio da economia argentina e uma das condições para o sucesso do plano econômico do presidente Javier Milei. Ele sofreu um revés nesta sexta-feira (11) diante do forte aumento da inflação de março. 1q615i
Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires
Depois de quase seis anos, o governo argentino decidiu acabar com as severas restrições de o ao mercado de câmbio para as pessoas e flexibilizar o movimento de capitais para as empresas, a partir de um elevado pacote de ajuda financeira por parte do Fundo Monetário Internacional (FMI) e dos demais organismos multilaterais de crédito.
O fim do controle de câmbio visa permitir a chegada de investimentos diretos externos destinados à produção. "Terminamos de romper o último elo da cadeia que mantinha a nossa economia amarrada ao chão. A partir deste momento, eliminamos o bloqueio cambial da economia para sempre", anunciou, no final da noite de sexta-feira (11), o presidente Javier Milei, em rede nacional de rádio e TV.
Os argentinos poderão ter o livre às moedas estrangeiras. No caso das empresas, as remessas de dividendos só poderão ser feitas a partir do exercício financeiro deste ano. Em relação ao estoque acumulado de dívidas comerciais nos anos anteriores, o governo vai criar um título público para as obrigações das empresas com o exterior.
"A normalização do mercado de câmbio permite o investimento direto estrangeiro que será um novo motor de crescimento. A Argentina será o país com maior crescimento econômico dos próximos 30 anos", entusiasmou-se Milei.
Banda cambial 291tk
Para o o ao mercado de câmbio, o governo decidiu flexibilizar o esquema cambial. A partir de segunda-feira (14), a Argentina terá um sistema de bandas para istrar o valor do dólar. A moeda argentina vai variar entre 1.000 e 1.400 pesos, limites que vão aumentar 1% ao mês.
"Não é uma desvalorização da moeda. É uma flutuação", diferenciou o ministro da Economia, Luis Caputo, ao anunciar o novo regime mais cedo. Essa flexibilização só foi possível graças a um novo acordo financeiro com o Fundo Monetário Internacional (FMI) com duração de 10 anos (e 48 meses de carência).
O FMI anunciou uma linha de crédito de US$ 20 bilhões, dos quais US$ 12 bilhões estarão disponíveis a partir de terça-feira. Outros US$ 3 bilhões estarão disponíveis ao longo do ano, sendo 2 bilhões em junho.
Esse desembolso inicial, equivalente a 60% do empréstimo, é inédito para o FMI, acostumado a liberar parcelas iniciais nunca maiores do que 30% do total. "É em reconhecimento dos progressos impressionantes realizados na estabilização da economia argentina. É um voto de confiança na determinação do governo em prosseguir com as reformas", publicou nas redes sociais a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva.
O governo argentino antecipou que prepara as reformas tributária, trabalhista e previdenciária.
Empréstimo salvador 5c2e3
A disponibilidade inicial de capital é considerada crucial para aumentar o poder de fogo do Banco Central contra uma corrida cambial, motivada por uma eventual fuga de capitais que ameace a estabilidade da moeda e ponha em risco o plano econômico e a própria governabilidade de Javier Milei.
Para esse colchão financeiro, a maior surpresa veio por parte do Banco Mundial, com uma linha de crédito de US$ 12 bilhões, e por parte do Banco Interamericano de Desenvolvimento, com outros US$ 10 bilhões.
Bancos privados internacionais poderão participar com outros US$ 2 bilhões. O total já garantido chega a US$ 42 bilhões, dos quais 23,1 bilhões ficarão disponíveis durante 2025. Para aumentar as defesas do país, o presidente também anunciou um aumento na meta de superávit fiscal primário de 1,3% a 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB).
"Vamos fazer um maior esforço fiscal mesmo sendo um ano eleitoral. Isso é inédito", sublinhou o ministro Luis Caputo. "amos de um país com mais de 100 anos com um déficit fiscal crônico a um dos cinco países do mundo que só gasta o que arrecada", comparou Milei.
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A medida também visa favorecer o processo de queda da inflação que foi interrompido em março. A inflação do mês ado, anunciada nas últimas horas, ficou em 3,7%, um número que representa um revés na bandeira política de Javier Milei de baixar a inflação.
Segundo pesquisa do Banco Central argentino, os principais agentes econômicos do país esperavam uma taxa de inflação de 2,6% em março. A taxa de inflação de março ficou 1,3 ponto acima da de fevereiro (2,4%) e 1,5 ponto acima da de janeiro (2,2%), quebrando uma sequência de quedas. No primeiro trimestre do ano, são 8,6% de inflação. Nos últimos 12 meses, 55,9%.
O combate à inflação é a principal medida com a qual os argentinos medem a gestão de Milei que, nas eleições legislativas de outubro, precisa ter um bom desempenho para reverter a sua minoria absoluta no Congresso e avançar com reformas estruturantes.