Eleição mais acirrada da história do Equador define continuidade da direita neoliberal ou retorno da esquerda 3i5zz
Quase 14 milhões de equatorianos decidem neste domingo (13) se preferem a reeleição do atual presidente, o neoliberal Daniel Noboa, pelos próximos quatro anos, ou a volta da esquerda ao poder, com a ascensão de Luisa González, afilhada política do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017). 6c1ka
Quase 14 milhões de equatorianos decidem neste domingo (13) se preferem a reeleição do atual presidente, o neoliberal Daniel Noboa, pelos próximos quatro anos, ou a volta da esquerda ao poder, com a ascensão de Luisa González, afilhada política do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017). 6c1ka
Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires
Desde que se exilou na Bélgica em 2017 e foi condenado à revelia por corrupção, Rafael Correa nunca esteve tão perto de voltar ao poder. Sua candidata, Luisa González, de 47 anos, pode se tornar a primeira presidente eleita da história do Equador.
Daniel Noboa (Ação Democrática Nacional) e Luisa González (Revolução Cidadã) já se enfrentaram nas eleições de 2023, quando o empresário, de 37 anos, foi eleito para completar o mandato do ex-presidente Guillermo Lasso, quem deixou o poder na metade do tempo de seu mandato.
Depois de 18 meses, os dois estão num empate técnico no qual ninguém se atreve a dizer quem ganha. A conceituada consultora Comunicaliza, por exemplo, indica que a diferença entre os dois candidatos é de apenas 0,3%. Se projetados os votos válidos, Noboa fica com 50,3%, enquanto González chega aos 49,7%. É como se a linha do Equador dividisse a população em duas partes iguais.
No primeiro turno, em 9 de fevereiro, Noboa obteve menos de 17 mil votos de vantagem sobre González (apenas 0,17%). Por isso, os dois agora lutam pelos indecisos (8,96% dos eleitores votaram em branco ou nulo).
Modelos antagônicos 124t
Daniel Noboa e Luiqa González representam modelos opostos na forma de istrar o Estado e de se relacionar com o mundo.
Noboa quer um Estado mínimo. Para avançar com reformas liberais, propõe uma nova Constituição. Em março, foi recebido pelo aliado Donald Trump em Mar-a-Lago, na Florida.
Já González entende o papel do Estado com controle sobre a economia e maior gasto público. Se eleita, vai reconhecer Nicolás Maduro como presidente da Venezuela.
O maior desafio, ganhe quem ganhar, será combater a violência. Em apenas cinco anos, o Equador se tornou o país mais violento da América Latina, com o maior número de homicídios per capita (38 homicídios a cada 100 mil habitantes). Neste começo de 2025, a situação piorou: em média, um crime por hora.
O segundo assunto de maior preocupação dos equatorianos é a crise econômica, agravada por uma crise energética (até 14 horas diárias de apagão) que faz a economia encolher e gera desemprego (-0,4% de queda do PIB em 2024; -1,5% no último trimestre).
A campanha de Luisa González acusou Noboa de, apesar de prometer "linha dura" contra o crime e atrair investimentos estrangeiros com regras de mercado, não ter cumprido com os objetivos: o país é ainda mais violento e com menos emprego.
González chega às urnas com o apoio dos líderes dos movimentos indígenas e com uma campanha menos progressista e mais conservadora para atrair eleitores desiludidos com Noboa e para quebrar o teto de votos do Correísmo, corrente ligada ao ex-presidente.
Já a estratégia de Daniel Noboa foi alertar para o perigo de o Equador, com a eleição de González, 'se tornar uma Venezuela'. E perder o regime cambial que tem o dólar norte-americano como moeda oficial, embora González tenha garantido que não vai 'desdolarizar' a economia.
Tensão eleitoral x392y
Para o pleito deste domingo, Noboa ordenou o fechamento das fronteiras terrestres como a Colômbia e com o Peru, além de acionar milhares de militares para vigiar caminhos ilegais, para evitar que membros do crime organizado entrem no país e cometam algum tipo de atentado contra o processo eleitoral.
Desde o ano ado, o país está sob o status de "conflito armado interno" para combater a criminalidade.
Além disso, Noboa decretou por 60 dias "estado de exceção por grave comoção interna" nas penitenciárias e em sete províncias, além da capital, Quito. O "estado de exceção" impõe toque de recolher entre as 22h e as 5h. O objetivo é prevenir episódios de violência durante as eleições.
Outra curiosidade é que o Conselho Nacional Eleitoral proibiu o uso de telefones celulares na hora de votar. A medida foi um pedido do candidato Daniel Noboa, alegando que eleitores seriam obrigados pelo crime organizado a enviar uma fotografia do voto como prova de terem optado por Luisa González, que aproveitou para acusar o presidente de não proibir o uso de celulares nas penitenciárias.