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A Inteligência Artificial pode acabar com o mercado de ilustradores de cordéis? 2k74q

Há mais de um século, imagens de capas de folhetos de cordel são feitas com moldes de madeira, a tradicional xilogravura 2z3f3l

27 mai 2025 - 07h39
(atualizado às 07h50)
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Resumo
Tão importantes quanto os poemas, as imagens de capa são as únicas ilustrações dos poemas de cordel. Impulsionaram um método tradicional de impressão, a xilogravura, que a IA imita instantaneamente e sem custo. O mercado de lustradores está abalado – na reportagem de ontem, mostramos a polêmica da IA na poesia de cordel.
Imagem em estilo de xilogravura criada por IA para ilustração desta reportagem: autocrítica é uma tarefa do ser humano.
Imagem em estilo de xilogravura criada por IA para ilustração desta reportagem: autocrítica é uma tarefa do ser humano.
Foto: ChatGPT

Enquanto os poetas parecem resistir mais ao uso de Inteligência Artificial (IA) para escrita de cordéis – folhetos rimados com histórias populares de origem nordestina – as capas estão sendo produzidas em grande quantidade, abalando o mercado e a tradição. 4c3t12

O poeta Paiva Neves, 61 anos, de Maracanaú, Região Metropolitana de Fortaleza, diz que “reduzir o custo do pagamento de um ilustrador, de um xilógrafo de verdade, além de cortar a fonte de renda de alguém, reduz o valor do trabalho enquanto artista”.

O cearense Cayman Moreira, 63 anos, ilustrador, quadrinista e poeta de cordel, diz que “muitas pessoas” que o contratam pedem para não usar IA. “Eu digo logo: nem precisa pedir, eu tenho abominação desse recurso covarde, ladrão, desonesto, altamente desonesto.” Ele reclama de quem diz que ele “é careiro”, sugerindo “pegar ilustração de inteligência artificial, botar na capa e acabou”.

“Não uso IA, não sei usar e não quero usar ainda”, diz Lucélia Borges, baiana radicada em São Paulo, xilogravadora e ilustradora.
“Não uso IA, não sei usar e não quero usar ainda”, diz Lucélia Borges, baiana radicada em São Paulo, xilogravadora e ilustradora.
Foto: Arquivo pessoal

Para Lucélia Borges, xilogravurista baiana radicada em São Paulo, a IA desconsidera direitos autorais, usando imagens da internet como “terra de ninguém, mas são trabalhos de autores”. Ela se preocupa com a tendência que, “se chegar nas grandes editoras, vai eliminar o mercado. Depois, como como você vai questionar se, no início, você achou tudo bem">O cordelista cearense Chico Fábio é um dos provocadores do debate. Contrário à tecnologia para escrita de poemas, compôs dois cordéis defendendo o uso da IA para geração de imagens porque entende que “a capa é só complemento”, escreveu no folheto A Ilustração de Cordel com Inteligência Artificial.

“Quando eu vejo um artista valoroso lançando mão desses recursos de inteligência artificial, eu oriento a não usar”, diz Klévisson Viana.
“Quando eu vejo um artista valoroso lançando mão desses recursos de inteligência artificial, eu oriento a não usar”, diz Klévisson Viana.
Foto: Arquivo pessoal

“Muita gente está me criticando”, diz Fábio, que usa a máquina “visando baratear o custo”. Ele informa nas capas quando ela foi gerada por IA. Seu colega, o baiano Antônio Barreto, autor de mais de 200 folhetos de cordel, contrário ao uso de IA para fazer poemas, também é a favor para produção de capas. “No caso da ilustração, a inteligência artificial ajuda”, diz.

Em Ribeirão Preto, interior paulista, o poeta Márcio Fabiano mantém uma pequena editora de cordéis. “A IA tomou conta de boa parte do mercado de capas”, constata. Seu capista “utiliza a inteligência artificial como começo da construção, mas ele transforma a imagem obtida, modifica, porém muitos pegam pronto”.

Quem não usa, mas pretende usar d1947

Há quem não usou IA, mas usaria, só não teve oportunidade, além de quem terá que usar porque será inevitável. Ana Ferraz, da editora Coqueiro, do Recife, fundada em 1991, diz que “ainda não apareceu um projeto que interessasse trabalhar com inteligência artificial. Mas eu não tenho dúvida de que vai acontecer”.

A cordelista e ilustradora cearense Arlene Holanda pergunta se não seria possível utilizar IA de modo criativo.
A cordelista e ilustradora cearense Arlene Holanda pergunta se não seria possível utilizar IA de modo criativo.
Foto: Arquivo pessoal

Especializada em cordéis e literatura popular, a Coqueiro publicou mais de 2 milhões de exemplares. “Claro que pretendemos implantar logo, com certeza”, diz a editora. Assim como ela, a cordelista e ilustradora cearense Arlene Holanda percebe o uso inevitável da IA, prevendo que “uma grande fatia do mercado editorial” usará “especialmente na ilustração”.

Será uma “questão de custo”, mesmo com as atuais proteções legais em editais de livros, que impedem o uso de IA. “Creio que, num cenário presente e futuro, é uma tendência irreversível. Em vez de combater um inimigo decerto invencível, melhor desenvolver estratégias para utilizar de modo produtivo e, porque não dizer, criativo?”, pergunta a artista.

Fonte: Visão do Corre
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