Como o Lollapalooza foi de festival alternativo a megaevento de música pop 5o2f73
O festival chega a mais uma edição brasileira com Olivia Rodrigo, Shawn Mendes e Justin Timberlake entre os headliners, mas já foi sinônimo da cultura underground e 'casa' de bandas de rock como Metallica e Ramones 36y46
O ano era 2012 e o então estudante Abner das Dores, com 21 anos, resolveu desembolsar R$ 300 para assistir a uma de suas bandas preferidas, o Arctic Monkeys. Era a estreia de mais um festival internacional no Brasil - o Lollapalooza Brasil -, que prometia levar um público jovem e alternativo para dois dias de shows no Jockey Club de São Paulo. 1r1y2z
Quem for ao Autódromo de Interlagos para o Lollapalooza 2025 entre sexta, 28, e domingo, 30, vai ver que muita coisa mudou.
"Era uma galera mais indie, mais alternativa, as mesmas pessoas que frequentavam os 'rolês' indie rock no começo dos anos 2010?, relembra ele. O público, na faixa etária entre 18 e 25 anos, pagava até R$ 500 para, além de Arctic Monkeys, assistir a bandas como Foo Fighters, Joan Jett e The Blackhearts, Skrillex e Jane's Addiction.
Abner vai faltar neste ano - mas não porque acha que não vale a pena ou porque o festival perdeu a sua essência, como ele acha. Ele não conseguiu se organizar para ir.
"Eu gosto muito de festivais e de shows. Gosto de assistir mesmo a bandas das quais não sou megafã. Gosto de conhecer coisa nova, já conheci muita banda no Lollapalooza", conta. "É uma pena não estar lá este ano."
Essas mudanças no line-up poderiam ser entendidas como uma tentativa de se aproximar de um público mais jovem. A organização do Lolla discorda e ressalta que das seis atrações principais, apenas duas ou três seriam realmente voltadas para um público mais jovem.
Enquanto alguns críticos apontam que tem sido confuso entender a proposta do Lollapalooza Brasil do ponto de vista musical, Beraldo diz que o festival, independentemente do gênero, tem sido responsável por trazer ao País "os artistas mais relevantes do momento."
O diretor artístico do Lolla Brasil argumenta que a audiência se fragmentou - algo que se refletiu na programação do festival: "Os mesmos fãs que escutam pop também escutam rap, rock e eletrônico. Pode ser em menor grau, mas escutam. Temos que ter um pé em tudo."
Talvez seja justamente um pé no alternativo e outro no pop que faz com que um grande público compareça ao Autódromo de Interlagos todos os anos - em 2024, 240 mil pessoas aram pelo Lolla Brasil.
