Repórter da Globo: como Camarotti encarou maratona de missas e trabalho de 20 horas durante o conclave 4y5i2e
O jornalista cobre assuntos relacionados à Igreja Católica há mais de 30 anos e realizou a cobertura da eleição do papa Leão XIV no Vaticano 4dp6q
Habemus papam foi provavelmente a frase mais aguardada do ano, e o jornalista Gerson Camarotti não apenas ouviu o anúncio do novo papa ao vivo, como também teve a missão de traduzir para os telespectadores da Globo o que acontecia no Vaticano no momento da eleição de Leão XIV. 3t2o6c
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Camarotti é conhecido do público na cobertura de política e dos bastidores de Brasília, mas também é vaticanista e cobre assuntos relacionados à Igreja Católica há mais de 30 anos. O conclave deste ano foi o segundo em que Camarotti acompanhou diretamente do Vaticano, pois também presenciou a eleição de Francisco, em 2013, na Praça de São Pedro.
"Você tem que se preparar muito, mas não é um mês antes, dois meses antes, ou quando o papa está doente. Você tem que observar todos os movimentos da Igreja por décadas", diz Camarotti, em entrevista exclusiva ao Terra, sobre o desafio da cobertura.
Rotina no conclave 13703v
Gerson Camarotti viajou para Roma, na Itália, uma semana antes do início do conclave. A eleição de um papa é um dos rituais mais secretos do mundo e acontece com os cardeais confinados na Capela Sistina. Como a imprensa não tem o aos religiosos durante os dias de votação, toda a apuração precisa ser feita com antecedência.
Nos dias antes do confinamento, uma das tarefas mais importantes de Camarotti era ir às missas frequentadas pelos cardeais em Roma, pois conversava com os religiosos após a cerimônia para entender as movimentações do conclave.
"Teve dia em que fui para três missas, uma, inclusive, dentro do Vaticano, porque conseguia conversar com os cardeais depois. Às vezes, eles aceitavam gravar entrevistas", relembra.
Quando o início do conclave se aproximou, o trabalho do jornalista ficou ainda mais intenso, com ele acordando cedo para as missas e entradas ao vivo na programação e voltando para o hotel só de madrugada.
"Em uma cobertura dessas, a gente trabalha de 19 a 20 horas por dia, mas, ao mesmo tempo, é muito gratificante participar de um momento histórico do mundo. Reportar a história viva não tem preço", diz Camarotti.
Fumaça branca 6l5a3p
Camarotti não tem a menor dúvida ao dizer que, para ele, o momento mais especial de toda a cobertura foi o tradicional anúncio de habemus papam e a primeira aparição de Robert Prevost como Leão XIV, mas o jornalista não esperava que a fumaça branca usada para anunciar um novo papa saísse tão cedo e estava fora do estúdio momentos antes.
O vaticanista tinha acabado de realizar uma entrevista com Dom Raymundo Damasceno, arcebispo emérito de Aparecida, e saiu para acompanhá-lo até um prédio próximo à sala de imprensa. "Foi muito rápido, a gente já estava esperando a fumaça sair a qualquer momento, minha previsão era que sairia à tarde ou à noite. Fizemos a entrevista com o cardeal, deixei ele no hotel, voltei e 15 minutos depois a fumaça branca saiu", recorda
Por mais que estivesse fora do estúdio, Gerson Camarotti não saiu do Vaticano em nenhum momento e frisa que não havia a possibilidade de não ver a fumaça saindo pela chaminé. "Não sairia dali em hipótese alguma."
Ambiente aberto e acolhedor 1h5128
Como já tinha feito a cobertura da eleição de Francisco I – antes de ter a oportunidade de realizar a primeira entrevista com o papa –, Gerson Camarotti sente que não ou muitos perrengues nos dias em Roma e no Vaticano. Ele, inclusive, elogia a boa recepção do público, dos fiéis e dos romanos.
"Existe um acolhimento muito grande, um respeito muito grande pelo trabalho da imprensa. E tinha muito brasileiro. Então, era, ao mesmo tempo, afeto e reconhecimento pelo trabalho", descreve.
Camarotti até viveu um momento inusitado na transmissão ao vivo da primeira aparição de Leão XIV, quando Bonner pediu para ele acenar para um grupo de fiéis brasileiros que estava próximo ao estúdio. "Tem essa troca muito grande, o que é bom. Normalmente, fazemos uma cobertura e nunca sabemos o que está acontecendo do outro lado, como as pessoas estão recebendo. Lá, é uma cobertura que tinha um retorno imediato das pessoas", conclui o jornalista, que voltou ao Brasil com sensação de "missão cumprida".