MP denuncia Pablo Marçal por expor pessoas ao perigo durante incursão em montanha 221n14
Segundo a denúncia, Marçal desprezou contraindicação dos guias e promoveu a subida ao Pico dos Marins mesmo com as advertências para recuar 236j1r
O ex-candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) por expor pessoas a risco de vida. A ação judicial, divulgada nesta sexta-feira, 28, refere-se à incursão liderada pelo ex-coach em 4 e 5 de janeiro de 2022, quando comandou um grupo de 60 pessoas em uma tentativa de chegar ao topo do Pico dos Marins, na Serra da Mantiqueira (SP), em período contraindicado para a atividade e sob condições climáticas adversas. 3x5cg
A denúncia foi feita no dia 7 de março, por infração ao artigo 132 do Código Penal. A pena de detenção é de três meses a um ano para quem expõe "a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente".
No mesmo dia, a promotora Renata Zaros, que fez a denúncia, sugeriu um acordo para resolver o caso sem julgamento. Pela proposta, Pablo Marçal teria que pagar R$ 273 mil (equivalente a 180 salários mínimos) para entidade pública ou privada com destinação social.
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Esse tipo de acordo, chamado de transação penal, é previsto pela Lei nº 9.099/95 e pode ser oferecido quando o crime for considerado de menor potencial ofensivo, com pena máxima inferior a dois anos, entre outros requisitos.
Segundo a denúncia, Marçal desprezou a contraindicação dos guias e promoveu a subida ao Pico dos Marins mesmo com as advertências para recuar. De acordo com o MP, o objetivo do coach era mostrar a importância de se correr riscos para vencer e prosperar na vida.
"Entretanto, na medida em que subiam a trilha rumo ao cume, a chuva aumentou, exsurgindo significativa neblina e vento forte, com pouca visibilidade, o que tornava o trajeto inóspito, permeado de lama e pedras escorregadias, afora o risco de hipotermia (algumas pessoas estavam com as vestimentas encharcadas sem peças de troca)", disse a Promotoria.
Ainda conforme apurado pelo Ministério Público, um dos condutores contratados para auxiliar na escalada alertou Marçal que era inviável prosseguir, alertando o empresário dos perigos do trajeto.
"Contudo, o denunciado desdenhou dos avisos e chamou o guia de 'covarde', conclamando aos presentes que o seguissem", afirmou a promotora Renata. Nesse momento, o grupo se dividiu e 32 pessoas acompanharam Marçal. Sob protestos do acusado, o resgate foi acionado já durante a madrugada, momento em que chuva e ventos fortes atingiam a área. Alguns integrantes da expedição estavam desorientados e apresentando aparente hipotermia, segundo o MP.
Em nota, Marçal afirmou que "a proposta de acordo é um absurdo, pois não há qualquer fundamento nessa denúncia. Todas as testemunhas ouvidas afirmaram que participaram da caminhada de forma voluntária, sem pagar nenhuma quantia, além dos guias contratados, e sem a liderança de ninguém, muito menos a minha. O próprio delegado Francisco Sannini Neto, quando estava à frente da investigação, em seu relatório de conclusão do inquérito, afirmou que não houve qualquer ilícito penal. A promotora, ao invés de acatar essa conclusão, solicitou a retirada da manifestação dos autos, o que só reforça a perseguição política contra mim. Confio na justiça e sei que a verdade prevalecerá".