Atores de quebrada estão em cenas decisivas de Ainda Estou Aqui c6c58
Participações ajudam a revelar a personalidade dos protagonistas, em contextos decisivos da trama que concorre ao Oscar p1a1b
A atriz Aguida Aguiar é da zona leste de São Paulo, Itaquera. O ator Fagundes Emanuel é cria do Recanto dos Humildes, zona norte da capital. Daniel de Almeida vem de uma ocupação em Campinas, interior paulista. A presença da trinca é histórica no filme do diretor Walter Salles, que concorre em três categorias do Oscar.
A atriz e os dois atores periféricos que participam de Ainda Estou Aqui aparecem no final do filme que concorre ao Oscar, em cenas pontuais, mas decisivas para a trama e a caracterização dos protagonistas. 225ej
Por ordem de aparição, o primeiro é Daniel de Almeida, 45 anos, cria do Jardim Icaraí, uma ocupação de Campinas (SP). Ele faz o segurança Marlon, que trabalha no Fórum e abre a porta para Eunice Paiva quando, após anos de luta, a protagonista busca o atestado de óbito do marido.
Na cena seguinte, no balcão de atendimento, aparece Carla, interpretada por Aguida Aguiar, 29 anos, de Itaquera, zona leste de São Paulo. A escrevente pede um autógrafo a Marcelo Rubens Paiva, filho da protagonista, autor de Feliz Ano Velho. Ele assina o livro e ainda pergunta se a leitora achou que tinha muito palavrão.
Nas cenas finais, com Fernandona Montenegro interpretando Eunice Paiva na velhice, há uma festa em família. Fagundes Emanuel, 31 anos, cria do Recanto dos Humildes, zona norte de São Paulo, é Chico, o sobrinho que conversa com Marcelo Rubens Paiva sobre um namorico.
Cenas curtas, pontuais e decisivas 495lo
As duas primeiras cenas revelam as personalidades de Eunice Paiva e Marcelo Rubens Paiva. Mãe e filho tratam bem o segurança e a fã do escritor. “Lidavam com todo mundo igualmente, sem preconceito, sem fazer distinção social”, diz o ator Daniel de Almeida, o segurança Marlon.
Do ponto de vista da trama, a ida de Eunice Paiva ao Fórum é um ponto culminante: ela finalmente consegue o atestado de óbito do marido. “Foi um processo muito artesanal, atencioso. Teve ensaio, preparação, uma artesania que é muito importante”, conta Aguida Aguiar, a escrevente que pede autógrafo no filme.
A terceira, curta e decisiva participação de um ator periférico em Ainda Estou Aqui acontece no contexto da cena mais brilhante do filme. Fernandona Montenegro mostra seu gigantismo, inalcançável por qualquer Oscar, sem dizer uma só palavra, movendo cirurgicamente os ombros e os músculos do rosto.
“Eu me arrepio te contando. Quando a gente fala em aula de atuação, fica genérico, mas ali foi uma aula magistral de atuação”, conta o ator Fagundes Emanuel, 31 anos, o neto de Eunice na festa familiar do final do filme.
Como chegaram das quebradas ao filme que concorre ao Oscar? 2g6m10
Surpresos pelo convite e ansiosos pelas consequências, sobretudo a indicação ao Oscar, a atriz e os atores periféricos de Ainda Estou Aqui foram selecionados para o filme através de portifólio na internet e convite para testes.
Aguida Aguiar lembra de “estar muito ansiosa. A gente sabe a comoção que causa em nós. Para mim, fazer uma cena, por menor que seja, seria muito marcante na minha trajetória”. Os autores Daniel de Almeida e Fagundes Emanuel tiveram impactos parecidos: filme de Walter Salles em cenas com as protagonistas.
“Quando soube que ia ser com Fernanda Torres, fiquei felizaço”, diz Almeida, o intérprete do segurança Marlon. “Foi uma das coisas mais sensacionais que eu tive na minha vida. Primeiro, um filme do Walter Salles, em numa cena de família com Fernanda Montenegro. Achei que era trote”, conta Fagundes.
